Sospechoso paralelismo entre Argentina y Brasil

Fernando Henrique Cardoso
ha llamado a un golpe de estado
contra Dilma Rousseff en O Globo
Luiz Alberto Gómez de Souza.-- Aqui, setores de direita pretensamente independentes e anônimos, convocam para uma manifestação dia 15 de março, pedindo o impeachment de Dilma. Lá, na Argentina, setores semelhantes convocam uma manifestação para 18 de fevereiro. Vejam o paralelismo. O mesmo desenho suspeito. Dá para pensar numa articulação que vai além de nossas fronteiras...

O pretexto na Argentina é a morte de um fiscal, Alberto Nisman, na véspera em que ia entrar com uma denúncia contra Cristina. Há uma forte suspeita de que os autores do crime poderiam ser setores em conflito e infiltrados dentro dos serviços de inteligência do governo. A presidente se dirigiu à Nação de maneira forte, clara e direta, denunciou tentativa golpista e dissolveu o serviço de inteligência possivelmente infiltrado. Nesses meios há muitas vezes agentes duplos. Lá como aqui, é a imprensa opositora que incita diariamente a população, em nosso caso omitindo dados sobre a real dimensão da Petrobrás.

Diante dessa situação, na Argentina foi lançado um Manifesto dia 10 de fevereiro, que transcrevemos parcialmente abaixo:


"Diante da convocação de alguns fiscais para o 18 F, e o oportunismo político opositor, pedimos assinar e divulgar este manifesto:

Pela Constituição, a Democracia, a Justiça, os Direitos Humanos e a Paz na República.

Os abaixo assinados do campo intelectual, artistas, cientistas, profissionais... nos manifestamos contra toda forma de violência. Inclusive a aparentemente sutil e subliminar, como a que se incita a partir do terrorismo jornalístico dissimulado... Repudiamos toda intenção de desestabilização institucional... Repudiamos a paródia ‘democraticista’ de um pequeno grupo de fiscais, quase todos desprestigiados, apadrinhados pelos meios hegemônicos, na convocação de uma marcha claramente sectária e provocadora ... A Argentina precisa seguir trabalhando em Paz, para avançar ainda mais nas conquistas sociais e laborais já conseguidas, a inclusão social, a defesa do patrimônio público, a independência econômica e a soberania política que a cidadania recuperou... Exigimos ... uma transformação democrática e profunda das estruturas de "inteligência”. Não à mentira e ao uso político da morte de Nisman. Não ao golpe ‘suave’. Mais democracia. Mais justiça.”

E aqui no Brasil, diante de propostas semelhantes, como vai reagir, clara e fortemente o governo? O que vão fazer os parlamentares da real base aliada do governo, políticos independentes, de outros partidos progressistas, setores nacionalistas, os movimentos sociais, sindicatos e a cidadania em geral? O manifesto da FUP que tem circulado, já conta com milhares de assinaturas. O que fazer então diante da convocação da passeata golpista dia 15 de março? Um ato falho da convocação que anda circulando, pretensamente independente: pedem que a população saia de verde e amarelo. Esqueceram que esse foi o mesmo pedido de Collor, que deu no que deu. A direita tem muitas caras e está em muitos lugares.

Para podermos sair às ruas, em contrapartida, precisamos ouvir explicações claras do governo, informando da real situação da Petrobrás, da importância do pré-sal (há apetites do grande capital diante dele). E, como disse Olívio Dutra, expulsar de seu partido quem estiver ligado a malfeitos, numa necessária depuração. Aí estaremos motivados para manifestar em favor do governo legal e legitimamente eleito e da maior empresa do país e das maiores do mundo, a Petrobrás.

Não esqueçamos que a carta-testamento de Getúlio, em 1954, denunciava os inimigos de uma Petrobras que estava nascendo. Hoje ela é pujante e um orgulho para o país.

Uma pergunta que fica no ar: a pesquisa que indica uma forte queda no prestígio da presidente, onde foi feita, em que universo? Se limitada ao sudeste e sul, por exemplo, não indica a posição de toda a população. E parte da população, mesmo nessas regiões, não está recebendo informação adequada, mas vem sendo torpedeada sem parar pelas organizações Globo, Folha, Veja, etc. O que poderão fazer os meios de comunicação do governo, sites, blogs, presença no facebook e canais independentes? Não podemos ficar falando para nós mesmos, num círculo estrangulado pela grande e poderosa mídia. Muitos companheiros me escrevem querendo agir. Precisamos material e informação para isso. Há uma forte vontade de resistir ao golpismo e ao entreguismo. Transformemos essa vontade em ação concreta. Já na próxima semana e mesmo dentro dos tempos do carnaval. O "caminhando e cantando” mobilizou a juventude nos tempos da ditadura. O "bota o retrato do velho” preparou a volta de Getúlio. Que tornem a serem escandidos o "Lula lá” e o "Dilma lá”. Sem medo de sermos felizes, num país em transformação que temos de fazer irreversível. Continúa en Adital

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